quarta-feira, 8 de junho de 2011

Yoga na Revista IstoÉ


Todo o poder da ioga

A técnica ganha o respeito da medicina e é usada

para ajudar no tratamento de câncer, obesidade,

dor crônica e doenças cardíacas, respiratórias e 

psiquiátricas

Cilene Pereira e Mônica Tarantino
Assista ao vídeo e saiba o que pensam dois especialistas em terapias complementares :
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Nesta semana, o mundo acompanha, como de costume, as novidades
divulgadas durante o congresso da Sociedade Americana de Oncologia
Clínica, conhecido como Asco, o maior e mais importante encontro
mundial sobre câncer. Neste ano, entre os destaques mostrados no
centro de convenções, em Chicago, um, especialmente, chama a
atenção não só pela importância de seus resultados como também pelo
simbolismo que carrega. Pesquisadores do MD Anderson Cancer Center –
uma das principais instituições do planeta para o tratamento da doença –
apresentarão um trabalho no qual relatam como a ioga ajuda a tratar
o câncer.


No estudo, realizado com portadoras de tumor de mama submetidas
a sessões de radioterapia, ficou comprovado que o método, além de
reduzir os níveis de cortisol (hormônio liberado em situações de
estresse), melhora o funcionamento do corpo em geral. Entre outros
ganhos, as participantes demonstraram maior capacidade de execução
de tarefas cotidianas, mas difíceis de ser efetuadas por causa da
doença, como subir escadas ou dar uma volta no quarteirão.
Também sentiram menos cansaço, dormiam melhor e ainda encontraram
uma forma menos doída de lidar com seu drama particular. “Elas dão
mais foco à espiritualidade, na conexão consigo mesmas e com as
outras pessoas”, disse à ISTOÉ Lorenzo Cohen, diretor do Programa
de Medicina Integrativa do MD Anderson e responsável pela pesquisa.
“Dessa maneira, fica mais fácil perceber o que realmente precisam e
como alcançar essa meta.”
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HOSPITAL
Na Clínica Mayo (EUA), há aulas para pacientes 
com insuficiência cardíaca e doenças respiratórias
A apresentação de uma pesquisa sobre ioga em um evento mundial
no qual a tônica, historicamente, sempre foi a divulgação de
novidades que giram em torno da medicina tradicional – novos
remédios ou aparelhos, por exemplo – é emblemática. O fato é a
evidência mais concreta de que a medicina ocidental está incluindo
a ioga na sua lista de recursos contra as doenças. Criada há cerca
de cinco mil anos no lugar onde hoje é a Índia, a ioga é uma filosofia
de vida (leia mais no quadro à pág. 107). Seu princípio fundamental
é o de facilitar a conexão do corpo com a mente, entendidos como
uma coisa única, indissociável. Não é por outra razão que, em
sânscrito, a língua usada em rituais do hinduísmo, a palavra ioga
remete ao significado de atrelar. Para que isso seja possível, ela
se apoia em recursos como a meditação, a respiração profunda e
a execução dos ásanas, posturas corporais inspiradas em animais
ou em outras referências da natureza.


Depois de desembarcar no Ocidente como mais uma excentricidade
do Oriente, a prática hoje ganhou o respeito da ciência e recebeu
o direito de entrar pela porta da frente em alguns dos mais renomados
serviços de saúde do planeta. O método figura entre as terapias
complementares disponíveis no MD Anderson, no Massachusetts General
Hospital, em Boston, e no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em
Nova York, por exemplo.
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PRÁTICA
Adepto, o cientista Krystal estuda 
como o método ajuda a emagrecer


Na Clínica Mayo, outro respeitado serviço de saúde, localizado
também nos EUA, ela é ofertada a portadores de doenças diversas.
O pneumologista Roberto Benzo, por exemplo, a aplica no tratamento
de insuficiência cardíaca (o coração perde a capacidade de bombear
o sangue para o corpo) e de doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC), mal caracterizado pela destruição progressiva dos alvéolos
pulmonares. “Os principais benefícios são a redução da dificuldade
respiratória e a melhora do condicionamento físico”, explicou
Benzo à ISTOÉ.


No Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, um
dos mais importantes da rede privada do País, prepara-se para
oferecer a prática como mais uma opção de seu departamento
de terapias complementares. No Hospital A. C. Camargo, também
na capital paulista e especializado no atendimento a pacientes com
câncer, aulas de ioga começaram a ser adotadas recentemente.
“Elas ocorrem uma vez por semana”, informa a professora Aline
Chrispan. “As participantes controlam melhor a ansiedade que
aparece durante o tratamento.”


O mesmo movimento de incorporação da ioga pela medicina vem
sendo registrado nos consultórios. “Indico para alguns pacientes,
como os portadores de artrose”, diz o médico Mário Sérgio Rossi,
coordenador do comitê de terapias complementares do Hospital
Albert Einstein. “A prática ajuda na lubrificação das articulações,
sem causar traumatismo”, diz. Doença inflamatória crônica, a artrose
se caracteriza pela ocorrência de dor e deformações nas articulações.
Por isso, além dos remédios específicos, é importante que os pacientes
mantenham a funcionalidade das articulações por meio de exercícios
corretos, que não agridam ainda mais essas estruturas. Por isso a ioga, 
com seus movimentos suaves e alongados, é uma boa opção.
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APOIO
O médico Rossi (à esq.) indica para tratar artrose. 
À dir. aulas no Hospital A. C. Camargo (SP)
Na clínica do dentista Fausto Ito, especialista em apneia do sono
e ronco, do Rio de Janeiro, os pacientes são orientados a praticá-la,
de preferência, em ambientes com pouca ou nenhuma iluminação.
“A ausência da luz ajuda na produção da melatonina, um indutor
natural do sono”, explica. “Os efeitos da ioga são potencializados
e o resultado é a melhora na qualidade do sono.”


Uma pesquisa que acaba de ser publicada no Archives of Internal
Medicine dá uma ideia da importância que a terapia vem ganhando.
De acordo com o trabalho, 30% dos americanos fazem uso do método,
assim como de outros do gênero, como acupuntura e meditação. E
um em cada 30 pacientes recebeu a recomendação da prática de seus
próprios médicos. “Há boas evidências da eficácia dessas técnicas,
mas não esperávamos que o índice de aceitação pelos médicos fosse
tão alto”, afirmou Aditi Nerurkar, da Harvard Medical School (EUA),
autor do levantamento.


Ao mesmo tempo que sua indicação se consolida, proliferam pelos
centros de pesquisas estudos para investigar o alcance de seus
benefícios. Aqui no Brasil, pesquisadores da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) atestaram o efeito do método contra a
hipertensão após a realização de um trabalho que acompanhou
executivos com o perfil clássico desses profissionais: estressados,
ansiosos e com pressão fora de controle. “Após oito meses, houve
mudanças no estilo de vida e resgate da saúde”, contou o médico
Fernando Bignardi. “E deixaram de ser hipertensos.”


Nos EUA, na Boston University School of Medicine, verificou-se que
a ioga apresenta resultados mais eficazes no controle de distúrbios
de humor, depressão e ansiedade em comparação a outros exercícios,
como a caminhada. “Em exames posteriores à realização dos exercícios,
os participantes exibiam taxas mais elevadas do Gaba, uma substância
cerebral cujo nível, se estiver baixo, está associado a desequilíbrios
de ordem emocional”, disse à ISTOÉ Chris Streeter, professora de
psiquiatria e coordenadora do trabalho.


Essa característica – a de ajudar a lidar com os sentimentos –
também está fazendo da ioga uma aliada contra a obesidade.
É verdade que a própria execução dos exercícios já auxilia na
queima de calorias. No entanto, a ciência está constatando que o
impacto é mais profundo. Um claro indicativo foi registrado em uma
pesquisa da Fred Hutchinson Cancer Research Center (EUA). Os
cientistas acompanharam as respostas de mulheres que estavam
magras ou com sobrepeso. “Em dez anos, as praticantes ganharam
menos peso do que aquelas que não faziam ioga”, explicou à
ISTOÉ Alan Krystal, responsável pela pesquisa. “E isso ocorreu
independentemente do nível de atividade física e dos padrões de
alimentação de cada uma”, disse. Na avaliação do cientista, o que
está por trás do resultado é a consciência, despertada pela ioga,
do tamanho real do apetite. O método ajuda o indivíduo a perceber
por que está comendo e a parar quando satisfeito.


De fato, quando usada em doenças permeadas por forte conteúdo
emocional – caso da obesidade –, a ioga manifesta uma particular
eficácia. Pacientes com fibromialgia, por exemplo, estão entre os
mais beneficiados. A enfermidade manifesta-se pela ocorrência de
dor crônica e generalizada pelo corpo. Com o passar do tempo,
torna-se um inferno na vida do portador. Debilitado pela dor constante,
aos poucos ele se isola, deprime-se.


Uma iniciativa da Oregon Health & Science University (EUA) revelou
como o método pode ajudar. Foram recrutadas 53 mulheres com
fibromialgia. As voluntárias foram avaliadas depois de ser submetidas
a um programa de ioga desenhado para suas necessidades –
contemplando mais fortemente aspectos como dor, fadiga, problemas
com o sono e dificuldades emocionais acarretadas pela doença.
Todos os pontos apresentaram melhora. Um deles chamou a atenção.
“Elas ficaram mais dispostas para a vida, apesar do sofrimento”,
disse James Carson, coordenador do trabalho. “E aprenderam a não
dar tanto espaço a tendências ruins, como a de supervalorizar a dor.”
Na opinião de Marcos Rojo, professor e pesquisador da técnica na
Universidade de São Paulo, uma das explicações para modificações
como essa é justamente o estabelecimento da conexão mente-corpo
perseguida pela ioga. “Ela trabalha mecanismos que têm alguma
relação um com o outro. Por exemplo, se você passa por um período
de muita ansiedade, pode ter alterações no sistema digestivo ou
cardiorrespiratório”, diz. “Um dos objetivos da ioga é fazer o
caminho inverso: trabalhar o corpo para interferir nas emoções”,
afirma.


É sabido que a atuação também se dá no nível físico propriamente
dito. Um exemplo é o que proporciona no caso da dor. “Quando a
pessoa sente o sintoma, se contrai. Com a ioga, aprende a relaxar
profundamente”, explica Luciana Brandão, do Estúdio Ioga na Cidade,
de São Paulo, e pós-graduanda na Unifesp em terapias complementares.
“O sangue circula mais, ajudando a reduzir a sensação”, complementa.


No caso das doenças respiratórias, o efeito produzido pelos exercícios
de respiração aumenta a eficiência dos músculos que integram o
sistema responsável pela oxigenação do organismo. Em uma análise
realizada por médicos da Chicago Medical School (EUA), o benefício
foi constatado após acompanhamento de 22 pacientes que fizeram
aulas de uma hora, três vezes por semana, durante um mês e meio.


Há dois pontos ainda não completamente esclarecidos no que se
refere ao uso terapêutico da ioga. O primeiro diz respeito ao
formato das aulas. O segundo, à frequência com que devem ser
feitas. Em relação ao tipo de aula, a tendência é criá-las para ser
mais específicas. Na Escola Narayana, uma das mais tradicionais de
São Paulo, os responsáveis recebem alunos interessados no auxílio
que a ioga pode trazer para males distintos. “Desenvolvemos aulas
de acordo com a questão de saúde de cada um”, afirma Luzia
Rodrigues, coordenadora da escola. Quanto à frequência ideal,
restam dúvidas. “Ninguém ainda sabe dizer ao certo”, disse à ISTOÉ
Brent Bauer, da Clínica Mayo. O médico orienta seus pacientes a
praticar pelo menos 30 minutos todos os dias.
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Pressão sob controle
Foi um caso grave de aneurisma da aorta, há cinco anos, que fez
o compositor e guitarrista Yvo Ursini, 33 anos, repensar sua vida e
encontrar a ioga. Embora o problema de saúde lhe imponha algumas
limitações – como não realizar exercícios que alterem o fluxo sanguíneo
para a cabeça –, ele comemora os avanços. “Melhorei muito minha
consciência corporal e minha pressão arterial está mais controlada.”
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Postura contra a dor
Durante uma aula de ioga, é preciso capacidade de alongamento
e força nos músculos de todo o corpo. Um dos resultados dessa
combinação de esforços é o alívio da dor. “Tenho uma alteração
na coluna lombar e a ioga me ajuda a aliviar a tensão que causa
dor”, conta a administradora na área médica Carla Hellner, 42 anos.
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Alívio depoisdo câncer
Após a retirada dos seios devido a um câncer, a auxiliar administrativa
Adriana Ferreira Lima, 34 anos, encontrou na ioga uma forma de
acelerar sua reabilitação. “Faço posturas mais lentas para recuperar
a mobilidade do braço e da mão, prejudicados pela cirurgia”, fala.
“Comecei há seis meses, mas já sinto que meus movimentos e
minha respiração melhoraram.”
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De aluno a professor
Primeiro ele se interessou como aluno. “Procurei a ioga em busca
de mais sintonia entre corpo e mente”, conta o professor de
educação física Isaías Lemos, 31 anos. Alguns anos depois, contente
com os resultados, ele resolveu fazer um curso de especialização.
“Acabei trocando a ginástica artística, modalidade da qual era
treinador, pela ioga.” Hoje ele dá aula e é referência para os
outros professores da modalidade, na academia Bio Ritmo, em
São Paulo.
A história da filosofia
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INÍCIO
O deus Shiva teria passado os ensinamentos aos hindus
Uma aura de mistério envolve as origens da ioga. Acredita-se que 
a filosofia tenha surgido há cerca de cinco mil anos, no território 
onde atualmente se localiza a Índia. Para os hindus, os ensinamentos 
foram dados por Shiva – deus da transformação. Durante muitos 
séculos não houve registro escrito da técnica: os mestres passavam 
os conhecimentos aos seus discípulos por meio da tradição oral.
O primeiro registro data de pouco mais de dois mil anos, com o 
livro que ficou conhecido como “Yoga Sutra”.

A produção científica em torno do tema é ainda mais recente. 
Começou na década de 1920, com a criação de um instituto 
governamental na Índia para pesquisar os efeitos da ioga sobre 
o corpo. “À época essa iniciativa não foi vista com muita felicidade
pelos indianos, pois a eles a tradição bastava, não era necessária 
a preocupação científica”, diz Marcos Rojo, professor e pesquisador
de ioga na Universidade de São Paulo.
Foi, todavia, a busca pelo cientificismo que impulsionou a vinda 
da prática para o Ocidente. Deste lado do mundo, a ioga ganhou
também outros ares, com foco maior na parte física. “A visão 
original da ioga entende o corpo como um meio para se experimentar 
sensações importantes para a evolução espiritual”, fala Rojo. 
A filosofia inclui princípios, como o respeito à natureza, a não 
violência, o controle dos impulsos e dos sentidos e o desapego 
de pessoas e objetos. A preocupação com o alinhamento e o tônus 
muscular – questões relacionadas com a parte física – foram
acrescentadas após a ocidentalização da prática.
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Colaborou Rachel Costa

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Mahi é declinação da palavra em sânscrito Mahin, que traduz-se por terra, natureza.

Este nome representa e intensão em despertar a consciência quanto a nossa verdadeira natureza, tornando nossa ligação com a terra (elemento que nos conecta com a materialidade), ou com a Terra, mais efetiva.

Grata a Glória Arieira pelos ensinamentos e inspiração nesse trabalho, do nome ao coração dele.

Que o dhārma seja cumprido.

Bem vindos, namaste!
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